terça-feira, 16 de março de 2010

O NOVO MURO


Texto do Senador Aloizio Mercadante, PT-SP, publicado no livro " Observatório", do próprio Senador, que serviu de subsídio para discussão sobre inclusão digital na aula de hoje no 9º ano E, da Escola Virgílo Rosas da Silva. A discussão começou com uma sondagem da frequência e de onde os alunos acessam a internet, depois o debate seguiu para o campo do custo do acesso a internet no Brasil, de lugares onde o acesso é gratuito, infocentros e locais públicos, como shopping centers e rodoviárias. Por fim, citei o projeto do Plano Nacional de Banda Larga.


Há um novo muro no mundo. Não se trata mais dos muros materiais, como o Muro de Berlim, que separava comunismo e capitalismo, ou como o muro da fronteira do México com os EUA, que segrega a pobreza da afluência. Desta vez, é um muro virtual que separa aqueles que terão competitividade e futuro daqueles que ficarão excluídos dos benefícios da globalização assimétrica.
Refiro-me ao verdadeiro “apartheid” digital que há no cenário internacional. Com efeito, os números da União Internacional das Telecomunicações (UIT) impressionam. Só a cidade de Seul tem mais usuários de internet do que toda a África Subsaariana, excluindo a África do Sul. O G8, que tem 15% da população mundial, possui mais gente conectada a rede mundial de computadores do que o resto do mundo.
Esses números seriam mera curiosidade não fosse o acesso às novas tecnologias de informação fator decisivo para a competitividade de indivíduos, empresas e países. Por isso, a UE definiu como seu grande objetivo estratégico para este milênio tornar-se a economia baseada no conhecimento mais competitiva do mundo. Para tanto, os países europeus vêm investindo muito na inclusão digital, especialmente onde ela faz grande diferença: nas escolas. Esse esforço vem sendo recompensado. Estudos feitos na UE demonstram que o acesso á internet nos estabelecimentos escolares aumenta o rendimento dos alunos, além de diminuir as diferenças pedagógicas entre os estratos sociais.
O Brasil, além de estar mal posicionado no ranking mundial da inclusão digital (ocupamos a 76ª posição), tem um imenso apartheid digital interno: entre os 10% mais pobres, apenas 0,6% tem acesso a internet, ao passo que, entre os 10% mais ricos, esse índice é de 56,3%. Preocupado com isso, apresentei projeto, já aprovado no Senado, para levar internet de banda larga a todos às escolas públicas, o que permitiria que 45 milhões de alunos entrem no século XXI com a perspectiva de se converterem em cidadãos produtivos.
Precisamos dar esse salto de qualidade educacional e queimar etapas no nosso desenvolvimento. Mas para tanto, temos de derrubar esse muro que impede a passagem do Brasil para o futuro.

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